Um olhar na estrada
A dificuldade em ser menina quando se quer urgentemente ser mulher, amar e desejar de forma diferente, sonhar tão grande e não ser compreendida, fazer cara de mau na ilusão de que será respeitado, sentir-se sozinho e perdido em meio a tanta gente, querer fugir da realidade, voltar ao ponto de partida em busca da própria identidade e descobrir que não é uma pessoa tão diferente assim como pensava, que toda história tem dois lados e que o sentido da vida não está fora, mas dentro de cada um de nós.
Esses dramas são vividos pelos personagens que Gabriel, protagonista e narrador da história, com seu olhar crítico e seu pensamento irônico, apresenta-nos com humor e sagacidade. Personagens comuns e humanos, porque fogem de si mesmos, duvidam da realidade, temem o futuro, desejam o que poderia ser simples, sonham sem medo e sem pudor. Garotos e garotas contraditórios, confusos, vivendo a intensidade de pensamentos, sentimentos e emoções comuns a um período de nossas vidas que não pode ser menos do que inesquecível. Jovens heróis que seguem apesar da dúvida, apesar do medo, que encontram no riso a força para prosseguir, mesmo sem saber ao certo qual será o fim da estrada.
Em um ônibus com destino a São Paulo, Gabriel encontra personagens muito diferentes dele; porém, com algo em comum: a busca de um sentido. Em meio a situações e diálogos cômicos, eles lidam com a sensação de não pertencer, tão comum na adolescência, essa tragicomédia vivida por todos nós. Rir das próprias dores, chorar com o riso alheio, sentir a vida pulsando forte a cada momento. Tristezas e alegrias em turbilhão, confusão de ideias, sentimentos e emoções. Perguntar os porquês e suportar os nãos. Estar ligado no caminho, na trajetória, no futuro incerto, ao mesmo tempo temido e desejado. Aprender a andar sozinho, aprender a fugir das armadilhas da estrada. É isso e muito mais que vivem Gabriel e seus amigos “em trânsito”, que, como ele, precisam todo o tempo estar ligados na estrada, para aprender a fazer escolhas e a lidar com as consequências.
Tô ligado! é uma história para rir e chorar; mas também é um convite. Gabriel convida-nos a percorrer com ele uma estrada e mostra-nos que a vida é muito mais do que paisagens em movimento ilusório, a vida é reflexão e atitude. Na vida, precisamos sempre estar atentos, estar ligados, e procurar jamais abandonar aquilo que realmente faz a diferença, ou seja, o olhar crítico diante da realidade.
Warley Matias de Souza.
Ficha técnica
Capa e ilustrações: Ana Raquel.
Páginas: 96.
Edição: 1.
Ano: 2010.
Formato: 24 cm.
Gênero: infantojuvenil.
Editora: LÊ.
ISBN: 978-85-329075-2-3.